13.6.11

Viktoras Rudžianskas - Poezija I

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pelenas su buchenvaldo giraitės kvapu,
mano meile, atmintyje duonos iki soties
aliejaus ir kraujo, įgimtosios veido spalvos –

iki soties, o

šiandien 101 diena, kai kertame savo dantis,
kai išsiurbiama mūsų tulžis, kai tampame sterilūs
atpirkėjai ir pardavėjai už vilties grašius.

už nevilties auksinius perkame ir parduodame
oro gurkšnį, mainome dievus į pragarus ir atvirkščiai,
gotišku šriftu mokomės prasikeikti,

mokomės prasikeikti ir

skaičiuojame pirštais šonkaulius, tarsi grotume
rojaliu, tarsi grotume melodiją, kurioje pelenas
virsta gulbės pūku, kada neįmanoma

sukąsti dantis, nes trūksta jėgų prisiminti
atlaidumą ir meilę; duobkasio švarko atlape
šypsosi našlaitė, panaši į mirties kalaitės snukutį,

šypsosi, nes

tik 101 diena, o, rodosi, visa amžinybė smilkoma
buchenvaldo giraitės medžių šerdimis – kaip mes
kas valandą sugrįžtame iš mirties – kaip mes?

susidvejinimas

lūpos garsus ima plėšti pusiau
kalba su tyla susidvejina
išdavystės ir priesaikos deformuoja gestus –

pripili vyno į kaukolę savo ir išgeri –
tampi vienu Trojos kariu – abipus vartų

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cinzas de cheiro do bosque de Buchenwald,
oh meu amor, na memória há pães que levam à saciedade
óleo e sangue, a cor congénita da cara –

que levam à saciedade, e

hoje é o dia 101, quebramos os nossos dentes
a nossa bílis é sugada, tornamo-nos estéreis
Redentores e traidores da esperança, por Grosh.

por moedas douradas de desespero compramos e vendemos
o respiro de ar, escambamos os deuses pelo inferno e vice-versa,
aprendemos a maldição em fonte de letra gótica

aprendemos a maldição e

contamos as costelas com os dedos, como tocando
piano, como tocando uma melodia, com cinzas
tornando-se penas de cisne, quando é impossível

cerrar os seus dentes, porque falta forças para se lembrar
de perdão e de amor; na lapela do casaco de um sacristão
está a sorrir uma órfã, parecida com a cara da cadela da morte,

está a sorrir, porque vês a dobrar

é só o dia 101, mas parece que a eternidade inteira é fumegada
com cores de árvores do bosque de Buchenwald - como nós
em cada hora voltamos dos mortos - como nós?

dualidade

os lábios iniciam o romper dos sons
a língua duplica-se com o silêncio
traições e juramentos deformam os gestos -

derramas o vinho no teu crânio e bebes -
tornando-te um guerreiro de Tróia - em ambos os lados do portão

Iš lietuvių kalbos vertė Margarita Kornejeva ir Nuno Guimarães

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